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De onde vem as boas ideias? Descubra como acabar com o bloqueio criativo

Você se assusta quando dizem que estamos na era da criatividade? E ao se olhar no espelho entra em pânico porque não bota fé no seu gingado para resolver problemas complexos? No curso Processos Criativos, a equipe da SPUTNiK combate a síndrome do impostor, ajudando equipes e profissionais a protagonizarem uma das fases mais instigantes e cheias de possibilidades que vivemos hoje no mercado. Trabalhamos os principais pilares esperados do profissional do futuro em aulas que abusam da neurociência, da arte e dos processos criativos para despertar o pensamento crítico e voraz que está adormecido em cada um de nós. 

A seguir, vamos contar o que é o bloqueio criativo e por que você nunca está sozinho quando ele bate à sua porta. 

Bloqueio Criativo: o que é e sua engenharia reversa

É a tela em branco, que chega a piscar diante de nosso olhar cansado. É a dificuldade em preencher a primeira linha do caderno. E é, até mesmo, a reunião em equipe que não sai do lugar, pois estão todos se afogando no mesmo problema. Estamos diante do bloqueio criativo, um problema que assume diversas roupagens e aparece, quase sempre, sem pedir licença, sem momento e endereço certos. E todos nós estamos sujeitos ao bloqueio, principalmente em uma época em que somos acionados, a todo momento, a encontrar respostas rápidas para situações complexas, o que pode gerar a ansiedade, estresse e desespero ideais para que um buraco vazio surja em nossa mente. 

Podemos, no entanto, identificar alguns motivos que acabam levando à ausência de ideias e inspirações. 

  • Perfeccionismo

Um mal que também está na raiz de muitos problemas nossos — e que afetam a produtividade. Em algum momento, esquecemos do famoso mantra “melhor feito, do que perfeito” e somos acometidos por uma crise que não parece ter fim, em que esboços substituem outros até que chega um momento em que não conseguimos pensar em uma nova versão e, sem nos darmos conta, estamos acometidos pela febre da ausência de ideias. 

  • Procrastinação 

A procrastinação e o bloqueio criativo são situações que estão entrelaçadas; enquanto a primeira pode acontecer pela nossa incapacidade de encontrar uma saída diante do primeiro bloqueio em que esbarramos, a segunda também ocorre quando, diante da complexidade do que precisamos fazer, recorremos a atividades compensatórias, mas em momentos inadequados. E, ao ensaiarmos uma volta ao batente, já estamos presos em um loop de ações que nos tiram, definitivamente, fora do caminho que nos levaria ao foco que, provavelmente, desbloqueariam nossas ideias.  

  • Baixa autoestima

A falta de confiança é uma verdadeira caixa de Pandora. Quando a abrimos, saem problemas que formam uma névoa ao redor dos nossos pensamentos, levando-nos a simular as piores situações possíveis. Imaginamos que estamos sendo rejeitados graças à má qualidade do nosso trabalho, sentimos que ainda falta mais uma capacidade que nos leve ao primeiro passo — e acabamos entrando em um processo de aprendizado que sempre fica na teoria, escapando da prática diante do bloqueio de ideias.

  • A contraditória armadilha dsa múltiplas ideias 

Sim, ter muitas coisas em mente pode levar a uma rua sem saída. Podemos explicar esse paradoxo pela ansiedade causada pelo excesso de informação que carregamos e que, muitas vezes, ora nos deixa insatisfeitos, ora nos deixa indecisos. 

Algumas pílulas para sair do branco 

Felizmente, a criatividade — e sua perda — é um dos temas que mais atraiu a Ciência ao longo da História. Diversos filósofos, psicólogos, neurocientistas e profissionais de outras áreas dedicaram sua carreira a investigar de que forma o processo criativo ocorre, como podemos perdê-lo e, principalmente, o que fazer para resgatá-lo. No livro The Creativity Question, o psiquiatra Albert Rothenberg e o filósofo Carl H. Hausman, realizaram um compilado desses estudos famosos. Entre os textos, destaca-se o modelo do psicólogo britânico Graham Wallas, que estabeleceu quatro princípios por uma vida mais criativa e, portanto, mais imune a bloqueios:

Preparação 

Durante esta etapa, o problema a ser resolvido é investigado sob todos os seus ângulos, a partir do resultado de uma acumulação de repertórios individuais que nos permitem exercitar a mente para pesquisar, planejar e, por fim, encontrar elementos que vão contribuir para a libertação da nossa criatividade.

Incubação 

Temos um período de processo inconsciente, em que, se por um lado ocorre o que o autor define como fato negativo — ou seja, ainda não temos o problema resolvido, —, também vivenciamos o fato positivo, em que contamos com a aceleração de atividades mentais que, de forma involuntária, contribuem para que a solução esteja cada vez mais próxima. 

Iluminação

Os ingredientes já estão fervilhando na nossa mente. Agora é hora de dar mais um passo na receita: o momento em que passam a se formar os primeiros insights, que vão nos levar às nossas ideias maduras e criativas. Novamente, é importante ressaltar que elas vão surgir de forma livre e involuntária, mas depois de um longo processo de exercícios para que a mente produza associações entre nosso repertório pessoal e as próprias condições do ambiente. Apesar de ser uma etapa esclarecedora, Walls pondera, no entanto, que ela só acontece após tentativas frustradas de rascunhos associativos, e que podem durar longos períodos, e só terminam se persistimos na corrida. 

Verificação 

Aqui, retornamos a um momento consciente em relação aos nossos pensamentos, uma vez que precisamos validar os insights obtidos, uma ação que não pode ser involuntária. Verificamos se as respostas realmente condizem às nossas questões e, se não estão corretas, como podemos adaptá-las para que se transformem nas ideias que precisamos.  

E como podemos desenvolver o roadmap criado por Wallas? Há muitas práticas que podem jogar ao nosso favor, atuando como verdadeiros gatilhos para a ação. A seguir, selecionamos o que consideramos serem as respostas mais contundentes para o bloqueio criativo. 

  • Se jogue no flow

Dê boas vindas ao tédio e aprenda a abraçar a dificuldade. Mas cuidado com os freios. No livro A Muse and a Maze: Writing as Puzzle, Mystery, and Magic, o escritor Peter Tuchi explora os caminhos para o desbloqueio da escrita, mas que são aplicáveis para encontrar a resposta para todo tipo de bloqueio. A partir de estudos da neurociência, da exploração de cases reais e dos depoimentos de diversos autores ao longo da História, além da própria vivência pessoal com o tema, Tuchi esboça o flow criativo que precisamos criar para combater o bloqueio criativo: crie objetivos, fuja de distrações, estabeleça um canal direto de feedbacks consigo mesmo e desafie-se continuamente. O importante é que, uma vez que os jogos comecem, não haja vontade de apertar o restart ou de voltar à primeira casa do tabuleiro. 

  • Disciplina

Compre um planner, estabeleça horários e adote o gerenciamento de tempo como uma atividade obrigatória para cuidar da sua criatividade. Estamos falando de um fator que, quase sempre, exige liberdade de escolhas na nossa vida, mas podemos ser livres com responsabilidade, não é mesmo? A disciplina não poda a nossa capacidade criativa, pelo contrário: faz com que criemos um relacionamento mais saudável, e realista, com as nossas ideias. 

  • Não reprima as suas paixões

Tenha em mente que o bloqueio criativo é uma situação que não acontece apenas naquelas tarefas que são apenas obrigatórias e, portanto, não nos causam qualquer tipo de satisfação. Sabemos que artistas são devotos às suas produções, por exemplo, mas são os que mais sofrem com o problema. Uma resposta, quase sempre, é desatar os nós. Não tema as ideias que prometem caminhos longínquos à nossa zona de conforto. Trabalhe o seu foco para capturar as múltiplas ideias fora da caixa e transformá-las em respostas que antes eram inimagináveis. Ao acostumar nosso cérebro a abraçar o inusitado, fortalecemos nossos neurônios a não temerem o bloqueio quando ele ameaçar bater à porta. 

  • Aprenda com a arte

Use e abuse de filmes, livros, peças teatrais, músicas, exposições de artes. Alimentar um repertório cultural ajuda a exercitar a mente, deixando-a preparada para as maratonas de ideias que precisamos ter ao nosso alcance no dia a dia. Ao mesmo tempo, a arte tem o potencial de ampliar nosso olhar em relação ao conhecimento, e ficamos mais aptos a estabelecer uma relação mais leve, fluida e livre com os critérios que adotamos para as nossas tomadas de decisão.

As dicas que acabamos de passar podem não ser a resposta definitiva para a erradicação do bloqueio criativo em nossas atividades, mas com certeza ajudam a torná-lo em um problema mais fácil de ser controlado. O importante é não deixar a peteca cair: insista sempre. E, acima de tudo, não transforme o bloqueio criativo em um fardo. Quando o trabalho não estiver rendendo, beba água, apague as luzes, e desconecte-se. Só não vale entrar em um estado permanente de hibernação, ok? 

O presente das empresas do futuro