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Virou gestor? Agora é hora de saber como ser um bom líder

Você se preparou para isso mas, ainda assim, o baque foi forte. De colaborador, você agora integra um dos quadros de gestão da empresa. Tenta respirar fundo, mas a ansiedade fala mais alto. No curso Virei Gestor, e Agora?, trabalhamos com a perspectiva de que para ser um bom líder é necessário priorizar um relacionamento humanizado com o seu time. Mais do que passar autoridade, é necessário passar motivação, e, para isso, precisamos antes de tudo entender um pouco mais sobre nós mesmos e como nosso lugar no mundo impacta no espaço do outro. Com lições de agilidade, criatividade e de inovação, a SPUTNiK mostra que é possível e necessário capacitar-se para o mercado e, ao mesmo tempo, conhecer um pouco mais sobre si mesmo.

A seguir, explicamos por que a gestão deve ser trabalhada como um exercício de liderança e vamos apresentar algumas dicas sobre como ser um líder inspirador e engajador — em vez do famoso líder temido de Maquiavel. 

Como ser um bom líder impacta o DNA de uma empresa 

Há muitas rotas que podem levar a um cargo de gestão. Pode ser uma etapa natural após anos de mercado em que um profissional conheceu todos os níveis hierárquicos presentes em sua área — ele foi estagiário, trainee, júnior, pleno, até chegar ao nível sênior que o levou à gestão. Ou pode ser um momento inesperado, uma promoção que foi fruto de um desempenho considerado acima da média ou que atende às demandas complexas do mercado de trabalho atualmente. Afinal, em tempos de transformação digital, ganham terreno não só as competências técnicas, mas as soft skills que permitem que um gestor esteja capacitado para acompanhar o desempenho do seu time e motivá-lo a ser produtivo e inovador, mesmo em situações desafiadoras e de alto risco. Ganha, portanto, espaço para um olhar de liderança sobre a gestão. Ainda não sabe a diferença?

Se gestão é sobre planejar, conduzir e acompanhar uma equipe, liderança é sobre inspiração. Gestores propõem direcionamentos. Líderes trazem questões ao time que vão engajá-los a encontrar respostas que façam sentido às suas próprias experiências.  E se gestores falam o que deve ser feito, líderes apresentam alternativas ou caminhos que, novamente, só serão trilhados se isso fizer sentido de uma forma coletiva. E, por fim, se temos na figura do gestor um dos heróis da empresa, o líder trabalha o protagonismo de cada um dos seus colaboradores, compartilhando, entre o time, a noção de poder, ou de capacidade de fazer a diferença. 

Dessa forma, hoje, há uma valorização crescente do gestor que se posiciona como líder. Já é quase consenso de que esta postura é fundamental para acompanhar uma época em que há mais questionamentos sobre modelos de trabalho do passado e que, com um mundo global, imerso na cultura do digital e cada vez mais sensível à experiência do usuário, não funcionam mais. E para pensar fora da caixa em busca de soluções mais inovadoras, uma empresa que tem no seu quadro profissionais que saibam pensar o processo de gestão como a arte de ser um bom líder já disparam na frente. 

Especializada em estudos sobre gestão de pessoas, a consultoria Gallup realizou diversas pesquisas para entender o lugar e os desafios do gestor no ambiente de trabalho, em investigações que acompanharam contextos corporativos de diversas reuniões do mundo. 

Encontramos insights que ajudam a compreensão e a prática da figura do gestor como um agente de liderança a partir da percepção de como ele vai impactar os rumos da empresa. Entre eles, temos:

      1.   A experiência do colaborador importa e o líder pode ser fundamental para a retenção de talentos 

Apenas 12% dos entrevistados sentem que foram bem inseridos nas empresas. Qual deve ser o papel do líder nesse processo de onboarding? A pesquisa associa a questão com o dado de que 52% dos funcionários que haviam migrado de empresa associam a saída com o nível de recepção de seus superiores em todos os momentos em que trabalharam, do começo ao fim. Temos, portanto, a percepção de que um bom líder é um agente de retenção de talentos. 

     2. Companhias ágeis precisam de grandes líderes

As metodologias ágeis conquistaram a atenção do mundo corporativo. Mas, segundo a pesquisa da Gallup, menos de 20% dos funcionários entrevistados reconhecem que trabalham em uma companhia ágil ou são geridos por um líder adepto da metodologia. 

     3. O burnout ainda é um problema e pode ser sintoma de uma gestão inadequada

67% dos funcionários entrevistados sentem que estão vulneráveis a estados de burnout (crises de esgotamento de trabalho que a OMS já indicou como um dos principais impulsionadores de doenças de trabalho). E entre os motivos para essa condição, muitos afirmam que relacionamentos tóxicos com colegas, sobretudo com líderes, estão entre os principais gatilhos. 

     4. A gestão de performance ainda deixa a desejar 

De cada dez profissionais ouvidos pela Gallup, três reclamaram de não recebem feedbacks dos seus líderes, sentindo que, em muitos momentos, trabalham no escuro. Um alerta vermelho sobre a forma com a qual gestores estão cada vez menos preocupados com a gestão de performance de seus colaboradores — o que, muitas vezes, pode aumentar estados de ansiedade, estresse e insegurança, prejudicando no desempenho da equipe.      

Sabendo dos principais desafios que a arte da liderança ainda enfrenta no mundo todo, fica mais fácil direcionar a bússola para ser um bom líder. 

Alguns hacks para uma boa liderança 

  1. Reconheça suas vulnerabilidades 

Você é um líder de primeira viagem, portanto, não está imune a falhas e inseguranças. Não hesite em ouvir conselhos de quem já está na estrada há mais tempo que você. Ou de procurar cursos, livros e outras alternativas para se fortalecer enquanto liderança. Afinal, temos conceitos que até reconhecem os diversos momentos do cargo de gestão, como o pipeline de liderança. 

  1. Adote uma postura incansável em relação ao seu aprendizado

O lifelong learning experience é uma visão de mundo que não pode parar quando atingimos posições seniores. Portanto, atualize-se sempre, ainda mais hoje em que estamos vivendo uma época de transformação digital, com mudanças constantes que já são o status quo do mercado. 

  1. Incentive o compartilhamento de valores mas saia da zona de conforto

É importante fortalecer o propósito que engaja cada um dos seus colaboradores, sintonizando-os para um objetivo comum a ser trilhado por todos. Mas se certifique de que está lidando com indivíduos que carregam sonhos e motivações totalmente distintas entre si, afinal, mais do que alcançar metas, você é responsável por conduzir implementações que, de fato, vão trazer impactos reais para a empresa — algo que pode não acontecer caso a equipe esteja presa aos mesmos vícios.  

Integrante da equipe de professores da SPUTNiK, especialista em cultura de pessoas e Head de Pessoas da ThoughtWorks, Grazi Mendes observa que o viés é um desafio presente em muitas empresas brasileiras. “Ainda impera a figura do gestor que prefere trabalhar com uma equipe enviesada ao seu olhar do mundo. Temos uma percepção muito forte, mesmo que muitas vezes involuntária, de que é mais fácil e mais produtivo trabalhar com pessoas que pensem iguais a nós, mas é impossível falar de diversidade e inovação nesses contextos porque ainda teremos indivíduos que olham para a mesma direção, em um momento em que a complexidade dos processos exige um olhar mais abrangente sobre tudo”, analisa.  

  1. Lute pelo intraempreendedorismo

Um outro problema que Mendes encontra em novos líderes é o sentimento de insegurança que, por vezes, pode levar a controles excessivos em relação ao time. “Temos situações em que a liderança é criada a partir da coerção, e não é possível criar em um contexto totalmente coercitivo, é preciso liberdade e segurança psicológica para que as pessoas se sintam seguras a propor soluções que, para a empresa, podem significar, lá na frente, respostas criativas e, sobretudo, inovadoras”, explica. 

Portanto, já sabe: faça com que os seus colaboradores possa ter acesso às chaves da empresa. O intraempreendedorismo pode ser implementado em diversos níveis. 

  1. Abrace a perspectiva da escuta 

Transforme conflitos em negociações. Temos, à nossa disposição, estratégias de escuta e de comunicação não violenta que são fundamentais para contextos em que, muitas vezes, pessoas de background e interesse distintos podem chegar a discussões que, se não forem mediadas a tempo, podem gerar situações de inimizade e falta de confiança que só prejudica as métricas — ao mesmo tempo em que polui um ambiente que poderia ser mais saudável para todos. Um bom líder cede a sua voz e exercita a empatia de forma incansável e sempre de uma forma imparcial e contrária a vieses pessoais. 

  1. Não tema o feedback 

Um líder compreende que está diante de um relacionamento dialógico com seu time, uma via de mão dupla. Para manter essa dinâmica ganha-ganha, portanto, é importante estar aberto a ouvir críticas. Crie uma atmosfera em que o colaborador se sinta à vontade para contar o que pode ser melhorado na relação de vocês. 


A liderança é um processo de amadurecimento profissional individual, que pode ser um divisor de águas na carreira de quem está prestes ou já assumiu a gestão. Por isso, devemos estar atentos à forma como ela acaba intermediando um ciclo que a empresa passa: partir da perspectiva micro, onde seus indivíduos se tornam verdadeiros líderes, e termina no macro, ou seja, quando isso impacta diretamente no desenvolvimento dos negócios.

Aprender a ser um bom líder ajuda a extrair do exercício da gestão uma prática criativa e inovadora em que o time, motivado por um ambiente intraempreendedor e colaborativo, sente-se mais à vontade para reinventar a própria história da empresa.

O presente das empresas do futuro