{"id":434,"date":"2020-04-04T08:33:25","date_gmt":"2020-04-04T11:33:25","guid":{"rendered":"https:\/\/blog.sputnik.works\/?p=434"},"modified":"2022-03-22T12:34:21","modified_gmt":"2022-03-22T15:34:21","slug":"comunicacao-nao-violenta-no-universo-corporativo-sera-que-da-liga","status":"publish","type":"post","link":"https:\/\/sputnik.works\/en\/blog\/2020\/04\/04\/comunicacao-nao-violenta-no-universo-corporativo-sera-que-da-liga","title":{"rendered":"Comunica\u00e7\u00e3o n\u00e3o violenta no universo corporativo: ser\u00e1 que d\u00e1 liga?"},"content":{"rendered":"\r\n

A comunica\u00e7\u00e3o est\u00e1 no gene social da humanidade. Entretanto, sabemos, de fato, nos comunicar bem? Ouvimos genuinamente o outro ou s\u00f3 aguardamos, impacientes, nossa hora de falar? Dentro de um contexto massivo de polariza\u00e7\u00e3o de ideias e ideais, saber como se comunicar de forma n\u00e3o violenta \u00e9 important\u00edssimo para que consigamos derrubar muros e construir, juntos, mais pontes. Se o assunto j\u00e1 est\u00e1 saturado na vida pessoal, aplic\u00e1-lo no dia a dia corporativo ainda \u00e9 um desafio e tanto. Dif\u00edcl, mas n\u00e3o imposs\u00edvel.\u00a0<\/p>\r\n\r\n\r\n\r\n

Afinal, o que \u00e9 CNV?<\/strong><\/p>\r\n\r\n\r\n\r\n

Marshall Rosenberg<\/a> \u00e9 o psic\u00f3logo norte-americano por tr\u00e1s da cria\u00e7\u00e3o do termo Comunica\u00e7\u00e3o N\u00e3o Violenta (CNV) na d\u00e9cada de 60, \u00e9poca em que a segrega\u00e7\u00e3o come\u00e7ou a se fazer muito presente na sociedade global, assim como movimentos a favor dos direitos civis. Foi ele que, em meio ao caos, enxergou uma forma de contribuir para a luta contra a desigualdade e o racismo. De dentro dos espa\u00e7os educacionais nos quais trabalhava, ecoou as t\u00e9cnicas que ficaram conhecidas principalmente para a resolu\u00e7\u00e3o de conflitos. Adivinha onde? Sim, no ambiente de trabalho, expandindo, depois, para o \u00e2mbito social como um todo.<\/p>\r\n\r\n\r\n\r\n

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\u201cExpressar nossa vulnerabilidade pode ajudar a resolver conflitos (…) Estamos acostumados a pensar que h\u00e1 algo de errado com as outras pessoas sempre que nossas necessidades n\u00e3o s\u00e3o satisfeitas. (…) CNV \u00e9 expressar-se com honestidade, receber com empatia.\u201d<\/p>\r\nMarshall Rosenberg<\/cite><\/blockquote>\r\n\r\n\r\n\r\n

\u00a0<\/h4>\r\n\r\n\r\n\r\n

Conex\u00e3o, compaix\u00e3o e comunidade. Esses s\u00e3o os pilares da metodologia educacional criada por Rosenberg para aprimorar relacionamentos interpessoais e diminuir, de alguma maneira, a viol\u00eancia no mundo. Para difundir seus conhecimentos, Marshall inaugurou centros de estudos dedicados ao tema em v\u00e1rios pa\u00edses, inclusive no Brasil<\/a>. A CNV tem como alicerce a comunica\u00e7\u00e3o que une os indiv\u00edduos, que permite falar e ouvir na mesma medida, que traz a compaix\u00e3o como ingrediente principal da conex\u00e3o. Importando o conceito para dentro do universo corporativo, podemos entender como nutrir uma nova forma de se expressar e ouvir conscientemente de acordo com cada situa\u00e7\u00e3o \u2014\u00a0e o conflito (incluir aqui o link do texto 2 sobre conflito) \u00e9 um bom exemplo disso. A partir das t\u00e9cnicas da comunica\u00e7\u00e3o n\u00e3o violenta, \u00e9 poss\u00edvel estabelecer comportamentos harmoniosos inspirados pelo di\u00e1logo, respeito, aten\u00e7\u00e3o e empatia.<\/p>\r\n\r\n\r\n\r\n

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E por falar em empatia, a CNV \u00e9 tamb\u00e9m conhecida como comunica\u00e7\u00e3o emp\u00e1tica, e, de acordo com o legado de Rosenberg, \u00e9 fundamental se concentrar em quatro pontos que norteiam o m\u00e9todo e podem ser decisivos na comunica\u00e7\u00e3o organizacional, quando o objetivo \u00e9 substituir o foco nas atitudes e falas do outro pelo foco em suas reais necessidades:<\/p>\r\n\r\n\r\n\r\n

1 – Observa\u00e7\u00e3o<\/h5>\r\n\r\n\r\n\r\n

Paramos de avaliar e julgar o outro para observar o que o outro est\u00e1 fazendo sem considerar a sua vis\u00e3o sobre o assunto. Exemplo no ambiente de trabalho: voc\u00ea delega uma tarefa e ao receber o job critica a execu\u00e7\u00e3o, o que demonstra que est\u00e1 julgando antes mesmo de refletir e observar.<\/p>\r\n\r\n\r\n\r\n

2 – Sentimento<\/strong><\/p>\r\n\r\n\r\n\r\n

\u00c9 a aceita\u00e7\u00e3o do seu sentimento frente ao que foi observado anteriormente. Exemplo na situa\u00e7\u00e3o anterior: ap\u00f3s observar e alterar o feedback trazendo pontos que podem ser melhorados, voc\u00ea entende que se sentiu frustrado porque a tarefa n\u00e3o superou suas expectativas.\u00a0<\/p>\r\n\r\n\r\n\r\n

3 – Necessidades<\/strong><\/p>\r\n\r\n\r\n\r\n

\u00c9 hora de identificar as necessidades que n\u00e3o foram atendidas e que se relacionam com o sentimento anterior. Dentro do nosso exemplo: voc\u00ea pode explicar melhor o que era para ser feito na tarefa, aprofundando em detalhes mais espec\u00edficos para que cumpra o objetivo esperado.<\/p>\r\n\r\n\r\n\r\n

4 – Pedidos<\/strong><\/p>\r\n\r\n\r\n\r\n

Depois de observar, descobrir o sentimento e identificar a necessidade, o \u00faltimo passo \u00e9 formular um pedido ideal. Para finalizar usando a nossa jornada: no caso da tarefa, voc\u00ea vai escrever ou falar com o colaborador os pontos observados, as melhorias que poderiam ter sido apresentadas, expressar o seu sentimento de frustra\u00e7\u00e3o e pedir, com educa\u00e7\u00e3o e respeito, que o trabalho seja revisado ou refeito. \u00c9 ou n\u00e3o \u00e9 muito mais efetivo do que simplesmente dizer \u201cn\u00e3o gostei do resultado, est\u00e1 p\u00e9ssimo!\u201d?<\/p>\r\n\r\n\r\n\r\n

CNV funciona no dia a dia de trabalho?<\/strong><\/p>\r\n\r\n\r\n\r\n

Em resumo, voc\u00ea pode encarar a comunica\u00e7\u00e3o n\u00e3o violenta como uma forma de observar, entender os sentimentos e encontrar a melhor forma de se conectar com os gatilhos que desencadeiam determinados comportamentos. Na verdade, dentro e fora do trabalho, todos temos a capacidade de sentir e agir com compaix\u00e3o, pensando no outro, e essa conex\u00e3o com si mesmo e com seus colegas \u00e9 o que vai te ajudar a trabalhar a sua paci\u00eancia, estando sempre de cora\u00e7\u00e3o aberto para ir al\u00e9m do simples \u201ccerto e errado\u201d.<\/p>\r\n\r\n\r\n\r\n

De acordo com a revis\u00e3o sistem\u00e1tica de pesquisas a partir de 2013 realizada por Carme Mampel Juncadella<\/a> sobre como a CNV pode ser aplicada para desenvolver a empatia, essa abordagem oferece a vantagem de um conjunto bem definido e padronizado de constru\u00e7\u00f5es e processos ensinados em um treinamento din\u00e2mico e estruturado. Por\u00e9m, vale ressaltar que o aspecto multidimensional da empatia dificulta a mensura\u00e7\u00e3o de dados, por exemplo, no que ela definiu como um inevit\u00e1vel vi\u00e9s de subjetividade. Mas \u00e9 bem poss\u00edvel destacar a inter-rela\u00e7\u00e3o \u00edntima entre o aprimoramento da empatia com as habilidades de resolu\u00e7\u00e3o de conflitos, de comunica\u00e7\u00e3o e de relacionamentos, consistente com pesquisas anteriores sobre empatia e comportamento social.<\/p>\r\n\r\n\r\n\r\n

Dar o primeiro passo para implantar a CNV \u00e9 entender que esse n\u00e3o \u00e9 um processo mec\u00e2nico, muito pelo contr\u00e1rio, \u00e9 algo que vai ser constru\u00eddo por todos. E isso n\u00e3o significa seguir dicas ou passos cegamente, mas identificar as emo\u00e7\u00f5es do outro e como ele se enxerga para conseguir, juntos, trilhar um caminho de equil\u00edbrio e empatia. Todo dia \u00e9 um novo momento de aprender, observar e pensar antes de falar ou tomar alguma atitude. E o que mais pode ser interessante nesse processo?<\/p>\r\n\r\n\r\n\r\n