O que e com quem você mais aprendeu este ano?
O momento é de cansaço. E o afeto chega como ferramenta, para si e para com os outros, ao exercitarmos uma retrospectiva individual e de negócio. E, assim, alcançarmos um 2023 mais estratégico (e menos exaustivo).
É praticamente unânime: enfrentamos um cansaço como sociedade e indivíduos. Vivemos transformações globais que já nos sobrecarregam há um bom tempo – seja com novidades, seja com a ansiedade sobre mudanças que ainda nem conhecemos. Além disso, estamos fechando 3 anos do início da pandemia, que trouxe densidade e intensidade de desafios sem precedentes na nossa história recente. Para completar, fim de ano sempre vem com essa sensação de final de maratona.
Ufa, chegamos até aqui, vamos respirar e renovar as energias para uma nova corrida.
Mas justamente essa ideia de precisarmos estar sempre em dia (ou à frente), ”prontos para o metaverso”, “investindo em cripto (e entendendo)”, “cuidando da saúde mental”, “exercitando a comunicação não-violenta e o abdômen”, “melhorando a alimentação”, “aprimorando a paternindade”, “conciliando a maternidade”, “acordando 5h da manhã (e arrumando a cama)”… justamente isso tudo nos faz querer desligar o computador e dormir de hoje até o dia 3 de janeiro. Né?
Uma das literaturas que definem bem a nossa era é de Byung-Chul Han, que, em 2010, lançou a Sociedade do Cansaço. Quase 13 anos depois, o conceito do filósofo e escritor sul-coreano faz cada vez mais sentido. Ele traz a discussão sobre violência neuronal para entendermos o cenário contemporâneo. E, a partir disso, encontrar os antídotos, o “energético” que vai nos salvar dessa estafa. Essa corrida atrás de objetivos resulta em uma fadiga extrema. Social, física, mental, intelectual, nenhum braço da vida escapa.
De fato, subir a régua, buscar sempre mais, superar-se constituem o movimento de evolução inerente à vida. A constante necessidade de aprimoramento, o senso de urgência e a ansiedade que o novo ainda desconhecido geram são grandes responsáveis pelos avanços que pessoas e negócios comemoram. Inovação, crescimento exponencial, trabalho com propósito e melhorias como um todo em nossa sociedade vêm da fluência evolutiva. Porém, são esses mesmos ativos que desgastam e nos colocam em débito em termos de disposição, paciência e saúde.
Junto a isso, temos ansiedade climática, guerra, policrise (sobreposição de várias crises), permacrise (crise permanente) – esta, inclusive, escolhida a palavra de 2022 pelo dicionário Collins.
Por isso, propomos que, sem um viés de superprodutividade e respostas conclusivas, aproveitemos o fechamento de 2022 para respirar e refletir: o que aprendemos este ano – como liderança, colaborador, indivíduo? E com quem/com o quê essa aprendizagem foi mais efetiva?
Cultura organizacional: o afeto como antídoto para o cansaço
A relevância da cultura para os negócios já se consolidou. Todas as empresas que querem construir caminhos promissores sabem que ela é o alicerce do trajeto.
Entretanto, pesquisa da Microsoft aponta que 62% dos colaboradores consideram que as lideranças não priorizam o desenvolvimento de cultura. E não é momento para escrutínio: as empresas e os gestores também estão aprendendo como desenvolver – e se desenvolver.
E isso passa fundamentalmente por conexão. Somos seres relacionais, precisamos do outro. E possuímos uma tecnologia humana muito potente para desempenhar conexões ricas: o afeto.
Mesmo cansados, precisamos fazer um esforço para uma (re)conexão. Só assim conseguimos renovar fôlego e a certeza de que, se não soubermos algo em 2023, vamos ensinar uns aos outros e aprender juntos. “Não ir sozinho”, inclusive, está entre as 6 estratégias elencadas pela Harvard Business Review para liderar em períodos de incerteza:
- Abraçar o desconforto de não saber
- Distinguir entre complicado e complexo
- Deixar ir o perfeccionismo
- Resistir a simplificações e conclusões rápidas
- Não ir sozinho
- Zoom out = olhar de cima
O movimento de Great Resignation (Grande Demissão), que evoluiu para Great Reshuffle (Grande Remodelação) traça um redesign das empresas, pressionado, em boa parte, pela nova forma com que os colaboradores enxergam o trabalho. Nesse sentido, precisamos não só entender as crises ou repensar as dores, mas ir além: reconstruir as relações de trabalho.
“Vários ciclos se fecharam este ano e horizontes transformadores estão se abrindo. As dinâmicas rígidas e os modelos estabelecidos pela Revolução Industrial já não fazem mais sentido. Precisamos entender que estamos lidando não somente com profissionais, mas com pessoas. Já antes da pandemia, o mundo corporativo caminhava para organizações mais humanas, considerando o profissional-pessoa no centro, entendendo os seus desafios pessoais, mentorando e monitorando para que haja um ambiente de trabalho mais satisfatório e condizente com propósitos individuais. Um ambiente de trabalho inflexível não vai ter pessoas felizes e entregando o seu máximo, já era sabido. A produtividade e o melhor das pessoas vêm a partir do momento em que estão contentes e estabelecendo boas relações. Por isso, é muito importante olhar para as relações humanas, a comunicação, o propósito organizacional e o impacto que a empresa está causando no mundo. A partir daí, conseguimos construir algo maior do que o trabalho e, consequentemente, ficamos mais engajados e mais felizes.”
Mari Achutti, fundadora e CEO da SPUTNiK
Otimismo para 2023
O 1º Panorama de Sentimento das Lideranças, realizado pela SPUNTiK, mostrou que 95% das lideranças e colaboradores sentem algum tipo de insegurança na tomada de decisão. Além disso, para mais de 80%, a comunicação precisa melhorar nas organizações. Segurança e trocas significativas – como acolhermos uns aos outros ou compartilhar conhecimento – passam por conexões estabelecidas com afeto.
Baixe gratuitamente: Panorama de Sentimento das Lideranças
A mesma pesquisa trouxe um horizonte animador: a palavra crescimento apareceu em diversas respostas sobre as expectativas para o próximo ano, junto a novas possibilidades, desenvolvimento e inovação. Uma visão que traz um ótimo fôlego para o encerramento de 2022.
Os últimos anos nos fizeram entender de uma vez por todas que o principal ativo de um negócio são as pessoas – funcionários, lideranças, consumidores, fornecedores, stakeholders. Ao considerarmos a cultura organizacional calcada em conexões mais afetivas, temos a chance de fazer de 2023 o mais rico de todos.
